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Entrevista com Adriana Vieira
Coordenação de Pesquisa do IFBA campus Santo Amaro

Nome: Adriana Vieira dos Santos
Idade: 28 anos
Cidade: Salvador, BA
O que realiza: Coordenação de Pesquisa do IFBA campus Santo Amaro, supervisora do Programa Mulheres Mil/PRONATEC no campus Santo Amaro, revisora e participante de conselho editorial de periódicos, professora de Química e pesquisadora.
Onde trabalha e função: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) – campus Santo Amaro. Funções: Professora e Coordenadora.
Grêmio Estudantil: Conte-nos um pouco da sua trajetória de atuação na Coordenação de Pesquisa no IFBA campus Santo Amaro.
Adriana Vieira: Iniciei na Coordenação de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do campus no ano de 2012. Desde este momento percebi que poderia colocar em prática algumas ações que eu desejava e outras provenientes da minha experiência com pesquisa. Hoje a pesquisa encontra-se um pouco mais estabelecida no campus e isso é um motivo para a minha felicidade no trabalho junto ao campus Santo Amaro.
Grêmio Estudantil: O que se entende por Iniciação Cientifica?
Adriana Vieira: O próprio Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) define o que seja Iniciação Cinetífica (IC): “...é preciso que desde os primeiros anos da educação formal os(as) estudantes sejam postos em contato com a cultura científica, ou seja, com a maneira científica de produzir conhecimento...É o primeiro passo na carreira de um cientista, de um professor ou de um pesquisador”. Na minha opinião a IC ultrapassa o limite de conceitos meramente teóricos. A IC é uma possibilidade de mudança, transformação na vida acadêmica de qualquer um que possua o interesse em desenvolver ou descobrir o conhecimento. No nosso campus, estudantes são “modificados” a partir da IC, ou seja, deixam de ser “meros receptores” de conhecimento e passam a ser o sujeito histórico-crítico que está preconizado na missão institucional do IFBA. As formas de IC no Ensino Médio que a escola pública pode participar (segundo o CNPq) são:
IC/OBMEP - Em conjunto com o Instituto de Matemática Pura e Aplicada, são promovidas as Olimpíadas Brasileiras de Matemática de Escolas Públicas e os seus vencedores recebem bolsas do CNPq para aprofundar seus estudos.
PIBIC-EM - Em parceria com as universidades para orientar estudantes do Ensino Médio das escolas públicas.
IC-Jr - Iniciação Científica Júnior é realizada em parceria com as Fundações de Apoio à Pesquisa.
A IC é, tradicionalmente, melhor estabelecida no nível superior, no entanto, no campus Santo Amaro há uma presença mais marcante de alunos do ensino médio de modalidade integrada participando de programas de IC.

Participação de orientadores no CONNEPI 2012.
Grêmio Estudantil: Qual a importância da Iniciação Cientifica na trajetória de um estudante de Ensino Médio e Técnico?
Adriana Vieira: A importância maior da IC está em fortalecer o processo de disseminação das informações e conhecimentos científicos e tecnológicos básicos, e desenvolver atitudes, habilidades e valores necessários à educação científica e tecnológica dos estudantes.
Grêmio Estudantil: Quais os programas de Iniciação Cientifica vinculados ou desenvolvidos pelo IFBA campus Santo Amaro? Fale–nos um pouco.
Adriana Vieira: Atualmente o IFBA trabalha com quatro programas: o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio – modalidade Integrada e Subsequente (PIBIC – Jr. E PIBIC-EM), o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/IFBA/FAPESB/CNPQ), o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI/CNPq) e o Programa de Voluntário de Iniciação Científica (PVIC/IFBA). Esses programas são financiados por agências de fomento que são: a FAPESB (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia), o CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e o próprio IFBA, através da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, tem um fundo próprio que financia bolsas e projetos de Pesquisa (o FUNPED – Fundo de Pesquisa e Desenvolvimento do IFBA).


Algumas agencias de fomentos à pesquisa que contemplam o nosso Instituto.
Grêmio Estudantil: Quais as atividades de um estudante vinculado a Iniciação Cientifica? Quais dificuldades podem ser enfrentadas? E as motivações?
Adriana Vieira: Existem vários motivos para se fazer IC. Alguns deles são: 1- É uma oportunidade para se aprender o que é pesquisa científica e como realizar este tipo de pesquisa. Além disso, a exposição à pesquisa científica ajuda o aluno a decidir se ele deve seguir a carreira científica ou mesmo ajuda a decidir áreas que referem-se a sua graduação ou profissão. 2- O IFBA é um ambiente propício para o desenvolvimento de projetos científicos. O aluno possui acesso a recursos como livros, laboratórios e principalmente o acesso a pessoas com experiência em pesquisa científica, como o orientador. Apesar do IFBA -campus Santo Amaro ainda apresentar muitas dificuldades de infraestrutura ainda é um ambiente de qualidade superior a outros locais. 3- Muitos projetos de iniciação científica são conduzidos em laboratórios com grupos de pesquisa que incluem alunos de graduação e outros pesquisadores. Esta proximidade fomenta a interação com estes pesquisadores e permite uma exposição do aluno às diferentes etapas da carreira científica. No caso do campus, ainda ofertamos a possibilidade do aluno visitar outros grupos e ainda mesmo ter vivências com outras instituições que realizam pesquisa. 4- A iniciação científica exige que o aluno aprenda a lidar com o desconhecido. Ele aprende a analisar problemas, buscar o conhecimento existente na área e adequar as soluções existentes ao problema em questão. Este processo ainda o ajuda a exercitar e desenvolver a sua criatividade. Estas habilidades são valorizadas tanto em cientistas pesquisadores quanto em profissionais inseridos em outros segmentos do mercado de trabalho. Em relação as dificuldades, o IFBA ainda carece de bons laboratórios para se realizar pesquisa e de outros espaços que oferecem aos pesquisadores uma maior qualidade na sua pesquisa. Esse também é um desafio da Coordenação que está sempre envolvida em processos que buscam melhorar este aspecto. Uma outra dificuldade, relatada pelos estudantes, é a de encontrar um orientador que tenha experiência na sua área de interesse e por isso a importância dos alunos participarem dos grupos de pesquisa com o objetivo de procurarem afinidades nas linhas de pesquisa que estão sendo desenvolvidas no campus. O valor ofertado hoje para a IC (Júnior ou EM) é considerado baixo e isso também desestimula os estudantes a participarem da seleção de bolsas e estes acabam optando por outros tipos de programas. O aprendizado adquirido na atividade de iniciação científica é um complemento à formação do aluno. Muitas vezes, o aluno opta por uma outra atividade em função do valor da remuneração. Neste caso, o aluno corre o risco de sacrificar a qualidade da sua formação em função de uma remuneração melhor, ainda que temporária e pequena. Vale lembrar que,o retorno na iniciação científica é dado a médio e longo prazo para uma formação sólida e de qualidade. Podem observar que são mais motivações e vantagens do que desvantagens!
Grêmio Estudantil: Qual o papel de um orientador de Iniciação Cientifica? Qual a importância de uma boa relação entre estudante, orientador e coordenação?
Adriana Vieira: São requisitos para o orientador: Estar vinculado ao IFBA, devidamente cadastrado em Grupo de Pesquisa e desenvolver pesquisa científica. O orientador deve participar em processo de seleção realizado no IFBA, através da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PRPGI), para pleitear a bolsa de Iniciação Científica para o aluno. É necessário estar atento aos prazos estipulados na instituição. Neste processo, o projeto de iniciação científica é o projeto de pesquisa a ser desenvolvido pelo aluno. O desenvolvimento do projeto é supervisionado por um orientador, que também tem o papel de guiar o aluno durante a atividade. O orientador é geralmente um professor da instituição com experiência na área onde será desenvolvida a pesquisa. Assim o orientador é um guia numa viagem para descoberta do “novo”. É o encarregado de acompanhar, orientar e transmitir informações a seu aluno ou grupo. Além de garantir que as atividades da iniciação científica sejam executadas apropriadamente, o orientador é co-responsável pela pesquisa, devendo participar de todas as fases da pesquisa: no planejamento, na execução e na divulgação. A relação entre o estudante, o orientador e a coordenação é fundamental para crescimento e difusão da pesquisa na instituição. Uma parceria deve ser estabelecida para que possamos desenvolver o trabalho da melhor forma. A coordenação ajuda neste processo de orientação ao estudante, especialmente no que se refere aos procedimentos burocráticos da instituição.
Grêmio Estudantil: O campus Santo Amaro possui um índice notável de evasão de alunos, por fatores como desistência, reprovação entre outros. A Iniciação cientifica combate de alguma forma esse fenômeno?
Adrina Vieira: A IC tem muito a contribuir no combate ou na diminuição dos fatores que levam à evasão escolar. Um dos fatores que favorecem a evasão é que alguns dos nossos estudantes moram longe do campus e acabam desistindo de estudar. Uma das formas da IC auxiliar é com a bolsa que apesar de não ter um valor alto pode auxiliar o aluno com questões referentes ao pagamento do transporte. É notável também que o IFBA auxilia os estudantes de toda a forma para apresentação dos seus trabalhos em eventos, congressos e essa é considerada por mim também como uma forma de atrair os estudantes e fazer com que ele “permaneça” no instituto. Os números também indicam que os alunos que estão fazendo IC possuem bom desempenho escolar, sendo que o projeto de IC reflete direta ou indiretamente neste desempenho e no interesse do estudante em continuar os estudos. É necessária uma avaliação dos fatores que provocam a evasão, bem como o estudo de possíveis soluções para o caso. O Departamento de Ensino (DEPEN) juntamente com a Coordenação Técnica Pedagógica (COTEP), através da Pró-Reitoria de Ensino (PROEN), vem fazendo levantamento e estudos sobre as causas da evasão. Esta coordenação está disposta a auxiliar nesses estudos e oferecer possíveis soluções por meio da pesquisa.

Participação de estudantes no CONNEPI 2013.
Grêmio Estudantil: É perceptível uma grande representatividade dos estudantes do campus Santo Amaro em eventos tecnológicos e científicos, muitos regionais e até nacionais. Qual a sensação disso?
Adriana Vieira: Eu chamo de “política adotada pelo campus” o fato de participarmos de diversos eventos para apresentação de trabalhos, sejam eventos pequenos ou de grande repercussão nacional. Fomos até criticados por esse “excesso” de participação, sendo que chegaram a comentar que “o campus Santo Amaro participa desde batizado de cachorro até premiação de personalidades...”. A resposta desta coordenação para estas críticas é: “sim! Nós participamos de tudo!”. Hoje somos um dos câmpus com mais representatividade em delegações, levamos o nome do IFBA campus Santo Amaro para diversos espaços do país e ainda aumentamos a integração entre os professores, alunos e técnicos administrativos. Vou confessar uma experiência pessoal neste processo: Sou orgulhosa em dizer que conheço a maioria dos alunos (e não só conheço o nome, mas também a experiência de vida pessoal, a família, a situação econômica etc.) devido a esse processo de viagens a eventos, bem como hoje conheço os professores , técnicos administrativos e terceirizados que trabalham conosco. Volto a dizer que o crescimento é individual, mas é também um crescimento do espírito de equipe. Ainda são poucos alunos que podem desfrutar dessa sensação, mas uma meta é popularizar a IC e tornar uma atividade prazerosa para todos aqueles que desejem! Permitam-me nessa entrevista um espaço para usar o linguajar mais próximo dos jovens: “Um beijinho no ombro para o recalque” daqueles que cruzam os braços...vamos crescer é com atitudes que trazem resultados positivos! Esta coordenação possui muitos resultados positivos para quem deseja ver para crer! Estamos trabalhando para diminuir os resultados negativos sempre!
Grêmio Estudantil: Quais habilidades são notavelmente adquiridas por um estudante envolvido em Iniciação Cientifica?
Adriana Vieira: O sucesso das atividades de iniciação científica vai depender da disponibilidade/desenvolvimento das atividades do projeto, bem como do compromisso do aluno. Então a primeira habilidade adquirida (ou que o aluno já possui mesmo antes de iniciar na IC) é o compromisso e a capacidade de responsabilizar-se para o bom andamento do seu projeto. Citarei aqui também as habilidades técnicas que o aluno adquirirá durante o tempo do seu projeto: a) capacidade de elaborar ideias correlatas ou não com seu tema pesquisado; b) capacidade de elaborar um plano de intenção (ou plano de trabalho); c) capacidade de revisar a literatura (em sala de aula isso é feito basicamente com livros e internet, na IC essa possibilidade é ampliada para artigos, periódicos, entre outros); d) capacidade de realizar o teste de instrumentos e procedimentos da pesquisa; e) elaborar o projeto de pesquisa; f) obter os dados previstos no seu planejamento; g) armazenar os dados; h) tabular os dados e construir tabelas e/ou gráficos; i) analisar os dados (qualitativamente e quantitativamente); j) interpretar os resultados e encontrar as conclusões; k) redigir o relatório da pesquisa; l) publicar artigos e preparar apresentações orais. Além dessas habilidades, poderia citar inúmeras outras que ultrapassam o tecnicismo e que envolvem/perpassam pela formação humanística do aluno.



Apresentação trabalho IC 2 SBPC 2013
Grêmio Estudantil: Quais dificuldades são enfrentadas pela Coordenação de Pesquisa do IFBA campus Santo Amaro? Há muito a ser feito?
Adriana Vieira: A pesquisa está crescendo! É difícil quebrar tradições provenientes do ensino tecnocrata. A Coordenação de Pesquisa possui diversos desafios, sendo que os principais deles estão em: ampliar o número de bolsas dentro do campus Santo Amaro financiados com recursos próprios do campus. Apesar de auxiliada e muito pela Diretoria do campus, ainda não há uma fonte de recursos próprios para manutenção da Pesquisa no campus. Os recursos são, em sua maioria, provenientes da PRPGI; expandir e divulgar a pesquisa entre os estudantes e pesquisadores das modalidades PROEJA (segurança do trabalho), subsequente (Eletromecânica) e superior (Licenciatura da Computação).
Grêmio Estudantil: Em sua trajetória de Iniciação Cientifica, houve alguma experiência em particular que chamou atenção?
Adriana Vieira: Todas as experiências que vivi até aqui foram interessantes para mim como coordenadora. Citarei apenas duas para que possam imaginar e para que, através desses exemplos, eu possa estimular o imaginário de vocês a participarem do processo de pesquisa. A primeira experiência mais marcante foi acompanhar de perto (neste caso também como orientadora) o crescimento de um aluno do ensino médio da modalidade integrada que mal sabia escrever e com o envolvimento na IC adquiriu competências que nenhuma sala de aula conseguiria. A outra experiência foi levar um grupo de alunos (a maioria moradores de Santo Amaro) para uma primeira viagem de avião (coisa que talvez a família nunca conseguisse promover, nós do IFBA fizemos através da Pesquisa). Os recursos dessa viagem não foram adquiridos no IFBA, no entanto, através do esforço de divulgação desta coordenação, parcerias e muito apoio dos orientadores conseguimos ter este momento e assim considero que foi um esforço dos recursos humanos da instituição que promoveram o momento aos alunos.
Grêmio Estudantil: Quais são as expectativas e os próximos passos da Coordenação no campus? Podemos esperar representações em outros eventos?
Adriana Vieira: O próximo passo desta coordenação é estimular a pesquisa no campus. Estratégias já estão sendo montadas para esta finalidade e uma delas é a montagem de um manual/cartilha para divulgação da IC. Outra ação que está em andamento, com o apoio da Diretoria Geral e do Departamento de Orçamentos e Finanças (DOF), é a elaboração e regulamentação de normas para o auxílio estudantil a viagens para apresentação de trabalhos.
A tendência é que cresçamos com o número de trabalhos de IC, dada a qualificação crescente dos servidores no campus (servidores mestres e doutores) e que possamos também aumentar o recurso que possibilita a representação do campus em outros eventos.
Considerações finais: As recomendações desta coordenação são que: o aluno realize pelo menos uma atividade de iniciação científica durante o seu curso. Existe a oportunidade da participação também como voluntário; Procure por oportunidades que permitam a interação com alunos de outros cursos e instituições durante a iniciação científica; Aproveite a oportunidade: Explore os conhecimentos do orientador e aprenda com sua experiência!; Não se limite a fazer o suficiente. Faça algo importante pela sua formação, participe com o seu projeto junto a comunidade, faça parte da sua instituição ativamente sendo que desenvolver e divulgar um projeto é um meio para isso! Procure a coordenação para uma conversa e tire suas dúvidas!
Oficina de pintura digital para estudantes de IC_ministrada pelo aluno Luis Gustavo
Obrigado pela entrevista! Queremos parabenizá-la pelo desenvolvimento desta Coordenação no nosso campus. Que a trajetória traçada seja de sucesso e realizações! Agora deixe aqui suas redes sociais e contatos.
Facebook: Pesquisa-alunos e IFBA Santo Amaro Oficial (grupos que participo divulgando informações sobre a PESQUISA)
Email pra Contato: pesquisa.santoamaro@ifba.edu.br (para contatos exclusivamente relacionados com os assuntos da Coordenação de Pesquisa) / adrianavieira@ifba.edu.br (para contatos de qualquer outro assunto que não esteja relacionado à Coordenação de Pesquisa)
E ai galera, o que vocês acharam da nossa entrevista? Tem sugestões? Quem vocês acham que deveria aparecer por aqui? Entrem em contato!